sexta-feira, 3 de outubro de 2014

OH! BANDEIRANTE!
Jean Carlos Gonçalves.
Filho de lutas renhidas 
Saldo de arestas matreiras
Do estigma insurgistes
Academia de tantas belezas
Do eleito coração sincero
Vieste fazer e ser feito
Por quem carrega no peito
A seiva que alimenta o desejo
És o porto de partida
És o porto de chegada
Do mais rústico dos diamantes
Da mais bela joia lapidada
No labor do tempo atrevido
No fervor do teu caminhar
No pulsar de tuas artérias
Tens recebido bem menos que dar
Foi verbo
Fizeram-te carne
Tu fizeste-te o grado mensageiro
Da mais oportuna verdade
Relegam-te condição inglória
Ignoras, reluta em caminhar
Na busca da augusta vitória
Segue teu caminho a trilhar
Não guardas rancor
Não reclamas apreço
Mas ajuda formar doutor
Oferenda de teu berço
Na tua infinita generosidade
Ninguém ouse negar
O quão inexplicável sentimento
És digno e existe a representar
Palavras soltas ao vento
Não sei como evocar
Mas com inocência insisto
Ingenuamente, teimosamente expressar
Oh! Liceu tuntuense!
Oh! Estação alegre!
De infinitos olhares cintilantes
De rebuliço contagiante
Lugar de memória
Esperança nossa
Símbolo de desejadas virtudes
Que nos cortejam à porta
Mãe que afaga o filho
Pai que acolhe o desterrado
Que divide com derradeiro
Mesmo com o marginalizado
És fêmea, és macho
Louvemos o que há de melhor
Poesia, lírica música
Êxtase do meu amor
Diante de tua grandeza
Só temos que juntos conclamar
Oh! Meu Bandeirante! Minha vida!
Viveremos pra te honrar

BANDEIRANTE: 51 ANOS FAZENDO EDUCAÇÃO EM TUNTUM

Por Jean Carlos Gonçalves.

     Não se trata de tanta beleza física. Eu reconheço. Pois não representa o que há de mais moderno em arquitetura e/ou engenharia civil contemporânea. Para isto entender, basta examinar seu contexto de surgimento. Perceber-se-á facilmente, que se trata de um produto de seu tempo histórico, naturalmente determinado pela estruturas vigentes da sociedade de então.

     Sua gênese dar-se numa pequenina cidade do interior do Maranhão na segunda metade do século XX, numa conjuntura de disputa política local. Mais precisamente das eleições de municipais de 1963 entre Edésio Gomes Fialho e Luís Gonzaga da Cunha, a qual fortemente marcada pelas rugas da discórdia, da intolerância, do desrespeito às liberdades individuais.

     Nessa época, Tuntum já não era ilha isolada em si mesma. Serviu de cenário também para o teatro das lutas políticas estaduais.

   Em 1963 presidia a República do Brasil, João Goulart, e tinha em sua base aliada o então governador do Maranhão, Newton Belo. O presidente apresentou a época um conjunto de medidas políticas que se constituíam reformas nunca antes anunciadas por um chefe do Estado Nacional: as famosas e malogradas Reformas de Base. Um pacote de medidas em diversos setores, que uma vez aplicadas desdobrariam em mudanças profundas na sociedade brasileira. Deste modo, João Goulart, evidentemente, necessitava de uma base sólida de apóio no Parlamento Nacional. Então, articulou junto ao governador do Maranhão, para que o mesmo garantisse os votos dos parlamentares do Maranhão para aprovarem o projeto do Governo Federal.

     Contemporâneo a esses acontecimentos, administrava o município de Tuntum, em seu último ano de mandato, o Srº Ariston Arruda Leda, que sua vez apoiara Luiz Gonzaga, como seu sucessor. Ariston era tio do então Deputado Federal Eurico Ribeiro, que rompera com Newton Belo, comprometendo o projeto do Presidente da República. Em consequência, governador, em retaliação, resolve minar as bases eleitorais de Eurico Ribeiro, que tinha em Tuntum, um importante reduto eleitoral. Assim sendo, o governo estadual, concentra forças coercitivas, capitaneada aqui na região pelo deputado situacionista Ariston Costa, para desestabilizar o projeto de sucessão de Ariston Leda, aliado de Eurico e desafeto de Newton Belo.

O governo então destinou recursos para o município, e uma das formas de aplicação foi através da construção de uma escola pública para o ensino elementar de 1º a 4º ano. O curioso é que o “porta voz”, “embaixador” do Estado era Edésio Fialho, candidato opositor ao grupo do prefeito Ariston Léda. Assim, nesse contexto de nefasta disputa política, já mencionadas acima, nasce em dois meses (de campanha eleitoral municipal) o Grupo Escolar Estado do Maranhão.

Diante do exposto, reconheçamos: não se poderia esperar um projeto de Oscar Niemayer ou Lúcio Costa. O que se justifica pelas breves semanas (oito aproximadamente) de sua construção. Considerações necessárias, para compreendermos o porquê das reminiscências do tempo de sua fundação presente nos dias atuais.

Entretanto, cabe citar o modo simples, mas oportuno que o grande educador Paulo Freire registrou em seu poema “Escola”:

"Escola é...
o lugar onde se faz amigos,
não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.[...]”

     Desse modo, diante de seu caráter de humanidade, que supera sua constituição física, posso utilizar uma infinidade das mais belas palavras, símbolo das maiores e mais desejadas virtudes e não conseguirei expressar o quanto representa para nós, para o nosso povo, o Centro de Ensino Estado do Maranhão, o nosso velho e amado “O BANDEIRANTE”, ao longo de suas cinco décadas de existência.

    Assim, como a empolgação deste momento tão sublime, tenho a ousadia de aqui registrar: Nossa ESCOLA é patrimônio público, patrimônio histórico, lugar de memória, espaço de sociabilidade, local de trabalho, de emancipação intelectual, profissional, financeira, exercício de solidariedade, de amizade, palco de conflitos, de tensões,  por que não? Afinal Ela é feita por seres humanos, é reflexo de nossa sociedade permeada de contradições, todavia, nem por isso, perde seu brilho, sua magia, seu encanto. Basta reconhecer, a partir da concretude de nossa realidade que esta memorável e, sobretudo, dinâmica e viva instituição por gerações e gerações tem cumprido sua função social, tem oportunizado conhecimento, valores, trabalho, cidadania, dignidade humana.

     Quantos filhos de Tuntum sentaram em seus bancos, e hoje ocupam lugar de destaque em nosso meio, Maranhão, Brasil... Quantos anônimos que ganharam o mundo... Quantos emigrados foram recebidos, acolhidos... Todos ofertados com as mesmas condições e oportunidades.

    É nessa perspectiva, que se configura, a sua grandeza, A VERDADEIRA BELEZA. Status este, que aí não se encerra, visto que alimenta a chama do amor, do sonho, da esperança... Que norteia a todos que te fazem, e paradoxalmente, são feitos por ti, amado BANDEIRANTE.

    Também reconhecemos em ti, um verdadeiro símbolo de resistência, pois com tantas mazelas sociais, com todos os obstáculos que a escola publica vivencia, reluta em oferecer um caminho alternativo.

   Portanto, neste dia 3 de outubro que ora comemoramos e rememoramos... Diante do reconhecimento prestado, também CONCLAMAMOS a todos que o fazem: Gestão, Corpo docente, corpo discente, demais funcionários, comunidade escolar... Retribuamos, façamos desta ímpar instituição, MAIOR, MELHOR, MUITO MELHOR.